O Que é Ministério Leigo de Sustento Próprio?

1 – Todos os cristãos são chamados ao ministério de Jesus Cristo.

Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi, porque um só é o vosso Mestre, a saber, o Cristo, e todos vós sois irmãos.” Mateus 23:8

Se formos todos irmãos então somos um no ministério e um no empreendimento de salvar almas. O clamor de vigilância na reforma foi o sacerdócio de todos os crentes, a declaração protestante ecoou nas palavras dos primeiros pioneiros da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Assim eles afirmaram: “Não temos papa ou potentado, não temos outro credo senão a Bíblia.” Contudo tais declarações colocaram uma solene responsabilidade sobre o legado dos leigos. Inerentes a esses ditames estão:

  1. A decisão pessoal que é central a aceitação de Cristo.
  2. O estudo diário da palavra de Deus e a oração para buscar as crenças e práticas vitais encravadas nas sagradas escrituras.
  3. Viver estas verdades no poder de Cristo morando eternamente em nós.
  4. A responsabilidade de compartilhar essas preciosas verdades ativamente com outros.

A experiência de Colin Standish

Alguns anos atrás, Colin estava viajando com um proeminente líder de sustento próprio na França. Enquanto viajavam, ele expressou um interesse em saber o conceito de Colin sobre a obra de sustento próprio. Ele disse que sua compreensão tinha sido formada a partir de um diálogo com um líder da Divisão Euro-Africano. Pareceu que aquele líder lhe havia explicado que a Divisão apoiaria seu trabalho e ministério, desde que isso não viesse a duplicar o trabalho da denominação.

Depois de algumas perguntas, Colin descobriu o que tinha sido especificamente excluído: a obra de publicações, a obra evangelística pública e a obra de treinamento educacional. Colin admirou-se de que esse líder de sustento próprio acreditasse que estas exclusões fossem válidas. Contudo, ele não apresentou evidência inspirada para apoiar essa compreensão e, na verdade, nós jamais descobrimos na inspiração tais restrições.

O escopo da obra de sustento próprio não é diferente da obra denominacional. Ela abrange os mesmos ministérios de salvação de almas. Na realidade, o que aquele líder de Divisão tinha permitido ao líder de sustento buscar e operar, estavam confinados à obra de restaurantes e ao ministério de saúde. Imaginamos que este líder de Divisão tenha pouco interesse em restaurantes e o ministério de saúde. Entretanto, estes ministérios deveriam ser tanto parte de empreendimentos denominacionais como eles são de empreendimentos de sustento próprio. Os dois não estão em conflito; ao invés disso, um suplementa o outro. A obra de sustento próprio é igualmente conduzida por Deus como é a obra denominacional. Deus vê a ambas como necessárias. Na verdade, enquanto o tempo se aproxima para o impulso final, ou seja, o alastramento mundial das três mensagens angélicas, servos humildes serão conduzidos pelo Espírito Santo que dominarão as fileiras dos mensageiros de Deus.

Assim será proclamada a mensagem do terceiro anjo. Ao chegar o tempo para que ela seja dada com o máximo poder, o Senhor operará por meio de humildes instrumentos, dirigindo a mente dos que se consagram ao Seu serviço. Os obreiros serão antes qualificados pela unção de Seu Espírito do que pelo preparo das instituições de ensino. Homens de fé e oração serão constrangidos a sair com zelo santo, declarando as palavras que Deus lhes dá.”OGrande Conflito, pág. 606.

Deus tem ordenado que tanto obreiros denominacionais como de sustento próprio, trabalhem incessantemente para a meta comum de espalhar o evangelho eterno para o mundo. Não é uma questão de um trabalhar debaixo do outro, mas que ambos trabalhem juntos sob a mesma comissão do evangelho de Cristo e sob a ação do Espírito Santo. Seguindo corretamente os desígnios de Deus, os obreiros denominacionais e os obreiros de sustento próprio ministrarão de mãos dadas, cada um honrando o chamado do outro e as contribuições que cada um estiver fazendo para a finalização da obra de Deus. Nenhuma rivalidade deve haver entre os dois. Ao invés disso, que haja uma cooperação muito próxima. Não existe ministério que seja jurisdição da obra denominacional e outro tipo de ministério que seja jurisdição da obra de sustento próprio. Todos os principais braços da obra – evangelismo, educação, publicações, colportagem, saúde e temperança devem engajar a atenção e o serviço ativo de todo o povo de Deus.

2 – Vantagens do Ministério Denominacional

O ministério denominacional, corretamente efetuado, possui algumas vantagens decididas. Primeiro, os membros que trabalham nesta situação foram escolhidos por um corpo maior de crentes. Obreiros denominacionais foram diretamente escolhidos para serem os líderes-servos da obra de Deus. Eles têm uma segunda vantagem: acesso muito maior a recursos, do que a maioria dos ministérios de sustento próprio tem disponível para si, portanto, falando de uma forma geral, são capazes de tentar projetos maiores e mais abrangentes de trabalho missionário no mundo. Eles têm para o seu apoio os dízimos e ofertas da grande maioria dos membros ativos da igreja.

3 – Vantagens de Ministérios Leigos e de Sustento Próprio

Por outro lado, a obra de sustento próprio, por sua própria natureza, tem vantagens que são raramente disponibilizadas para os obreiros denominacionais. Devido a esses ministérios serem geralmente pequenos e raramente a maquinária é onerada como organizacional, obreiros leigos são capazes de responder rápida e efetivamente às necessidades e chamados que eles recebem.

Obreiros de sustento próprio, falando de uma forma geral, têm ainda uma maior liberdade de decidir onde eles atuarão e com qual capacidade irão fazer o seu trabalho. Não bloqueados pela pressão de permanecerem calados em tempo de crise espiritual, como é tão frequentemente testemunhado entre os empregados denominacionais, é muito mais provável que obreiros de sustento próprio, que estão numa posição muito melhor, de ouvir o comando de Deus que diz clamai alto não vos detenhas, levantai “vossa voz como uma trombeta” (Isaías. 58:1). Além do mais, obreiros de sustento próprio, devido ao serviço de sacrifício próprio de muitos daqueles envolvidos neste trabalho, conseguem realizar muito mais com um gasto significativamente reduzido dos fundos, do que na obra denominacional. Seu trabalho de sustento próprio é, em geral, muito mais efetivo nos custos.

4 – Perigos comumente encontrados na obra denominacional:

a) Os perigos na obra denominacional incluem uma mentalidade hierárquica, na qual líderes passam a crer que eles têm o direito de microgerenciar e controlar os trabalhadores de campo nos detalhes de seu ministério, métodos, e área de trabalho. A irmã White adverte contra esses perigos que tinham se tornado, já em seus dias, uma realidade.

Deus não estabeleceu qualquer poder monárquico na Igreja Adventista do Sétimo Dia para controlar todo o corpo, para controlar qualquer braço da obra. Ele não estabeleceu que o fardo de liderar repousasse sobre uns poucos homens. Responsabilidades devem ser distribuídas sobre um grande número de homens competentes.” Liderança Cristã, pág. 49.

Na obra do Senhor para estes últimos dias não deve haver centralização em Jerusalém, nem poder monárquico. E a obra nas diferentes localidades não deve estar presa por contratos à obra centralizada de Battle Creek, pois este não é o plano de Deus. Irmãos devem se aconselhar juntos, pois nós estamos exatamente sob o controle de Deus, tanto em uma parte da vinha como na outra parte”. Publishing Ministry, pág. 130.

Muito Poder é investido na humanidade quando as questões são tão arranjadas que um homem ou um pequeno grupo de homens tem em seu poder reger ou arruinar a obra de seus cooperadores colegas… O poder monárquico anteriormente apresentado na Conferência Geral não deve ser perpetuado”. Spalding and Magan Collection, pág. 368.

Tiago White, antes de morrer em 1881 deu uma advertência salutar de que isso não deveria acontecer. Aqui está a sua tremenda declaração.

O ministro que se lança a qualquer comitê de associação para ser dirigido rouba a si mesmo das mãos do próprio Cristo.” Rewiew and Herald, 4 de janeiro de 1881

b) Há um grande perigo na obra denominacional de que homens passem a crer que responsabilidades administrativas e cargos na Associação sejam prêmios para os quais se deva lutar como se estivessem subindo uma escada de mobilidade rumo ao alto. Frequentemente esses postos julgam-se que são de maior importância do que a obra no campo – obra bíblica, ganho de almas, ministério de colportagem, e evangelismo público.

c) Isto leva ao terceiro grande perigo na obra denominacional – a política na obra, especialmente para aqueles cujas ambições não são tanto para “a glória do Mestre” (Mensagens aos Jovens, pág. 100). Mas são por metas egoístas de indivíduos que levam à consequências trágicas, onde a obra de Deus é grandemente danificada e pervertida

d) Ainda outro perigo na obra denominacional tem resultado do terrível sucesso da introdução de planos liberais de apostasia, da baixa nos padrões do cristianismo e de padrões blasfemos de adoração dentro da Igreja de Deus.

É muito difícil, e requer extraordinária coragem hoje, que empregados da obra denominacional se levantem e falem contra a apostasia, a impiedade e o mundanismo dentro da Igreja de Deus.

 

5 – Perigos comumente encontrados em ministérios leigos e de sustento próprio

Por outro lado, há sérios perigos na obra de sustento próprio.

a) A obra de sustento próprio pode gerar uma independência que é perversa, a qual separa o obreiro do aconselhamento com outros. Esta independência geralmente leva a formas de acusação contra a obra denominacional e, da mesma forma, outros que estão trabalhando na obra de sustento próprio também são acusados.

b) Ela também pode levar à competição pelo apoio financeiro do leigo e conduz à crença de que o ministério de alguém é mais importante do que o ministério de outro.

c) Através de sua independência tem sido um campo fértil para a semeadura e a germinação de mortais ventos de doutrina que são fatais para o crescimento cristão e a unidade cristã.

d) Não é incomum, líderes de sustento próprio, também exercerem poder monárquico não menos ditatorial do que alguns líderes denominacionais o fazem.

 

6 – Conclusão

O resumo dessas observações é que tanto a obra denominacional quanto a obra de sustento próprio são prontamente pervertidas quando nas mãos de homens e mulheres não dedicados e ambiciosos, motivados por desejos mundanos. Não precisamos cometer o erro de declarar que um ou outro é o único caminho correto para cumprir o chamado que Deus tem colocado sobre homens e mulheres, nem os que estão na obra denominacional nem aqueles na obra de sustento próprio podem declarar que um ou outro é o único caminho para realizar a finalização da obra.

Este é o tempo para fiéis, fervorosos e comprometidos adventistas do sétimo dia, tanto na obra denominacional como no ministério leigo, unirem-se de mãos dadas para o apressamento da volta de Jesus e a finalização da comissão do evangelho.

Que Deus lhe abençoe, o Espírito Santo possa guiar sua vida, e muitas almas possam ser resgatadas das garras de Satanás como resultado do seu ministério.

 

Fonte: Manual para Obreiros Leigos e de Sustento Próprio – C&R Standish, páginas 3 a 6.